Call for Papers: Decadȇncia ou reconfiguração? As monarquias de Espanha e Portugal na mudança de século (1640-1724)

A narrativa do século XVII como tempo de crise corresponde a um paradigma esgotado, a história social e económica sobre as que se têm sustentado  as  interpretações  deste período, desde os debates iniciados em Past&Present na década de 50 são, além de inadequados,   inapropriados. Nos anos 80 fomos advertidos  das suas limitações (iniciado pelo debate sobre a revolução inglesa) e mais tarde foram surgindo evidentes contradições que definiam a Idade Média  como um conjunto sucessório de crises consecutivas, desde a crise religiosa do século XVI, às crises de 1590 e 1640 até alcançar a crise da consciência europeia entre 1670 e 1715. Além de lançar uma pergunta básica sobre a definição do conceito de crise (e o modo como é utilizado pelos historiadores), parece lógico estabelecer outro plano narrativo, se considerarmos que os trabalhos de investigação sobre a segunda metade do século XVI já utilizam o conceito de “configuração da Monarquia hispana”; em 1640 pensamos (através dos trabalhos em curso) que  nos deparamos com uma “reconfiguração”, que implica uma transformação e não necessariamente uma crise em ambas Monarquias.

A nosso ver,  a “denominada” decadência dos Impérios ibéricos foi muito mais complexa e obedeceu a outras causas, para além das económicas, nomeadamente se tivermos em consideração os distintos territórios das respetivas Monarquias que experimentaram um crescimento económico durante o mesmo período cronológico; foi um colapso geral que afetou não só a configuração sociopolítica em que se desenvolveram durante o século XVI; mas também na justificação ideológica (político-teológica) em que se sustentaram as respetivas práticas políticas. O manifesto desinteresse pelo continente europeu (da Monarquia Católica) após a paz de Westfalia, a experimentada evolução da Monarquia portuguesa e o desviar da atenção para o mundo atlântico são bons exemplos do exposto.

Partindo destas premissas, propomos como projeto realizar  uma análise de ambas Monarquias, considerando o princípio de “reconfiguração” que experimentaram as respetivas estruturas, prévias às reformas do século XVIII.

  1. O conceito de decadência

Neste apartado estudar-se-á o conceito de decadência, as causas aduzidas na historiografia, designadamente o modo como foi utilizado o conceito de decadência durante o século XIX e princípios do século XX para justificar o “atraso” das nações ibéricas em relação ao resto da Europa.

  1. O colapso da Corte. A reconfiguração da Casa Real, Conselhos e Validos. A função dos Sítios Reais.

O século XVII foi a época da “Corte” clássica ( a Corte do Barroco), período em que se estabeleceram as etiquetas e as ordenanças definitivas e se formalizou o pensamento cortesão em que se cimentou a mentalidade social. Esta construção sociopolítica foi avalada por uma manifestação artística (pintura, arquitetura e literatura) sem precedentes e que começou a ser criticada durante este período. Em relação a este último aspeto, sem dúvida, foi imprescindível o aumento do vínculo entre a Corte e os Sítios Reais.

  1. Decadência dos vicereinados? A transformação institucional dos vicereinados europeus e americanos.

Neste apartado pretendemos analisar a evolução dos vicereinados. O ciclo de revoltas, iniciado em 1640, deu origem a uma reestruturação social e à reconfiguração das relações estabelecidas entre a corte de Madrid e a nova função de Lisboa. Estudaremos a disposição sociopolítica e institucional que experimentaram ambas Monarquias.

  1. As relações diplomáticas das Monarquias ibéricas. O final da expansão.

Pretendemos estudar aqui as relações diplomáticas: a mundança de orientação política experimentou após a paz de Westfalia e os novos princípios político-teológicos em que as Monarquias cimentaram a sua existência. Torna-se fundamental estudar as relações com Roma e as mudanças operadas nas respetivas práticas políticas, explicando-se também a espiritualidade emanada a partir desta nova situação.

ORGANIZADORES:

Instituto Universitário a Corte na Europa da Universidade Autónoma de Madrid

Universidade Rei Juan Carlos

Camões – Instituto da Cooperação e da Língua

DATA:

1 a 3 de dezembro de 2015

LUGAR:

Universidade Autónoma de Madrid

Universidade Rei Juan Carlos

FORMAS DE PARTICIPAÇÂO:

Comunicações e painéis

LÍNGUAS OFICIAIS:

Espanhol, português e inglês

PRAZOS DE INSCRIÇÃO:

As propostas de painéis consistem em três comunicações e incluem o nome do presidente da mesa, o nome dos participantes e instituição de origem, título da comunicação e resumo de 200 palavras. Também se aceitam propostas de comunicações individuais as quais deverão cumprir os mesmos requisitos. As propostas devem ser enviadas antes do dia 31 de março de 2015 para info@iulce.es

Mais informações em https://congresodecadencia.wordpress.com/

As comunicações apresentadas serão publicadas, prévia avaliação pelos pares.

Taxas de inscrição: 50 euros (inclui refeições e cafés).

Banco SANTANDER

Nº de conta:  ES3400496704582910002485

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